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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

LITERATURA GAMER: PROJETO PANDORA


Por um estante o metal frio da arma distraiu-o. Olhou seu reflexo metalizado percorrendo o sangramento ondulado escorrido pelo seu rosto, seus olhos meios caídos e sua expressão cansada apenas fizeram se sentir mais desconfortável. Contou quantas balas ainda restavam. Uma, duas, três, quatro. Quatro. Nenhuma a mais. Apoiou as costas na parede, ergueu a cabeça e fechou os olhos. Tivera sorte, eram três deles que estavam vindo pelo corredor para buscá-lo, somente três faria a fuga mais fácil.
   Adentrou o corredor e rapidamente deu dois disparos – acertou dois homens nas pernas, fazendo estes caírem. E com a arma apontada para o que ficou de pé disse:
— Não se mexa.
— Você sabe que não vai conseguir fugir dessa mansão, e acabará por receber a punição por ter traído o Projeto Pandora. — Retrucou o homem.
— Eu não traí a Pandora, general. Pelo contrario, eu que fui enganado.
— Enganado? — O general Clark segurou um riso.
— Sim, enganado! Igual ao Dr. Fredie, que foi iludido ao criar a fórmula Ceint01 achando que finalmente poderia por um fim nas doenças e fraquezas humanas, dando mais resistência e uma saúde de ferro. Mas o que realmente aconteceu foi desastroso! Todos que estavam perto viraram mutantes.
— Para isso a Pandora foi criada, para curar todos os que sofreram as mutações...
— Mentira! — Gritou interrompendo Clark — Isso é o que querem que acreditem... Foi nisso que eu acreditei. — Deu um tiro em seu antigo general e recuou correndo.
   A bala atingiu o peito esquerdo do alvo.
— Você não vai espaçar Tony. — Sibilou enquanto tocava seu machucado.
    Enquanto corria, Tony pensou com pesar no tempo que fizera parte da Pandora e em quantos mutantes havia manipulado ou persuadido para aceitarem a cura.
    Mas andar pelas vielas escuras do seu passado de arrependimentos não mudaria nada, agora.  A realidade era que um fugitivo da base do inimigo possuía uma única bala. Contudo ele tinha uma vantagem: conhecia aquele lugar muito bem.
— Preciso sair daqui. — Pensou.
   Tentando abrir portas, encontrou uma aberta. Era um quarto. Vasculhou a mobilha do cômodo, porém não achou nada que lhe poderia ser útil. Deu uma olhadela na janela, terceiro andar, mansão cercada - pelo bando de Clark.
— Encontrei um intruso! — Berrou um agente ao entrar no quarto.
   Três tiros. Tony pode esquivar-se, embora uma das balas ter feito um machucado superficial em seu braço. Prontamente ele revidou os tiros dando um disparo certeiro na mão do agente que soltou a arma.
   Sem balas.
— Pare ou eu atiro! — Blefou.
   O homem não se rendeu e tentou lutar, no entanto Tony era mais habilidoso. Deu um chute e um golpe no pescoço nocauteando o oponente. Aproveitou para recarregar sua arma usando as balas do inimigo.
   Ele sabia que mais dois vinham para tentar prendê-lo. Esperou com a arma apontada para a porta. Assim que o primeiro apareceu, Tony deu um tiro em suas pernas seguido por um soco no rosto. O segundo veio disparando várias vezes, poucos acertaram e ainda foram de raspão. Tony reagiu com uma bala. Errou. Em consequência levou um tiro bem no ombro esquerdo. Entretanto, ele rapidamente agiu conseguindo derrubar o agente com um tiro na perna e uma cabeçada.
   Respirou um pouco e tirou a bala do ombro. Saiu do cômodo e continuou sua fuga.
— Não dê nem mais um passo. — Disse uma voz atrás de Tony.
   Ele virou-se lentamente, e perguntou:
— Law?
— Olá, velho amigo. — Respondeu — Eu estou aqui para te ajudar.
— Como você pode me ajudar agora? Você devia ter me ajudado a fugir antes deles me pegarem e me trazerem pra cá!
— Primeiro vamos sair daqui, pode aparecer alguém.
Mesmo em duvida Tony seguiu-o até um quarto, e lá dentro Law continuou:
— Eu estava confuso, pensei que você tivesse enlouquecido... — Relutou um pouco antes de prosseguir — Me desculpe. Mas eu estou disposto a reparar esse erro — Law retirou da mochila em suas costas uma blusa de manga longa preta com capuz e uns óculos de aviador —, vista isso.
   Tony não sabia se podia confiar em seu antigo amigo. Todavia obedeceu.
— Tem uma rota de fuga mais simples onde tem poucos guardas.
— Onde é? — Questionou Tony.
— Pela saída do laboratório subterrâneo. Os cientistas evacuarão a mansão por lá.
— Eu preciso de um cartão de acesso. — disse num tom de censura.
— Veja no bolso da blusa, tem duas surpresas nele. — Havia um cartão de acesso e uma granada — Bem, agora é com você.
— Espera Law! Obrigado.
   Law foi embora.
   Pode ser uma armadilha, pensou Tony, mas eu não tenho muitas escolhas.
   Ele desceu as escadas atravessando o salão e por onde passava instalava-se um tiroteio frenético. Por fim, chegou ao portão para o laboratório com alguns novos ferimentos. Passou o cartão e pôs sua digital, então o portão abriu - o sistema não havia sido atualizado para tê-lo como inimigo.
 A entrada do laboratório era um lugar cheio de capsulas onde a minoria estava ocupada com seres humanoides, com um nome Ceint02 gravado em cada capsula.
— Não pensei que você chagaria tão longe. — Disse Clark entrando no laboratório.
— O que significa essas coisas, general? — Indagou Tony.
— Ora, ora, ora... Essas coisas são a cura. Quando eu disse que a Pandora daria a cura, eu não me referi aos mutantes e sim a humanidade que ficará curada dessas horríveis falhas.
— Descobri isso tarde demais...
— Sim, Tony, cada mutante que você nós entregou foi meticulosamente estudado para não cometermos o mesmo erro genético com as novas experiências. — Clark começou a andar para mais perto de Tony.
   Tony deu quatro tiros precisos no general, porém foi como se nada tivesse o atingido. Tony agilmente se escondeu detrás de umas das capsulas, colocou sua mão na altura dos olhos.
— Ah, quase me esqueço de dizer que o sonho do Dr. Fredie de fazer a fórmula para criar o super-homem foi um sucesso, eu sou quase o homem perfeito. Agora a única coisa que falta para terminar os estudos das falhas é capturar o ultimo mutante. — Comentou Clark.
   Com muito esforço e dor, Tony fez os ossos de sua mão crescer, saindo da carne, formando uma espiral em volta dela.
— Vocês nunca vão me capturar! — Exclamou.
   E em um piscar de olhos, Clark estava na frente de Tony e o arremessou para longe atravessando e quebrando a capsula que ele se escondia.
   A luta foi intensa, chutes, socos, cortes. Mas logo Clark ganhou vantagem graças a sua força extraordinária e super-resistência. Tony teve a oportunidade de usar a granada, tirou o pino e a jogou, depois se agachou. Tudo começou a explodir e dar curto-circuito.
— Eu não vou ser derrotado com isso! — Assim que fechou a boca, o general viu um vulto saindo do laboratório e entrando de volta na mansão — Maldito!
   Correu passando por agentes, balas e qualquer obstáculo que aparecesse, até que, já no jardim, Clark alcançou-o e o derrubou.
— Pensou que iria fugir de mim Tony? — Clark deu uma gargalhada.
— Desculpe general, mas eu não sou o Tony. — Disse Law tirando os óculos de aviador e o capuz.
— O que?!
   Dois guardas estavam caídos na saída emergencial do laboratório. Tony havia conseguido fugir por causa de Law que se trajou com uma blusa e uns óculos igual aos seus para servir de distração. E não haveria momento melhor que a explosão.
   O ultimo mutante respirou o ar da liberdade, decidido reunir forças para seu ato de redenção: destruir a Pandora...
   Um trovão bem forte soou, desligando o monitor e o vídeo game.
   Primeiro o garoto ficou sem reação, lembrou que não tinha salvado o jogo ainda, teria que fazer tudo outra vez. Enfrentar o Clark de novo daria um trabalho e tanto! Sentiu uma leve frustração, mas logo deixou isso de lado, por dois motivos: ele sabia que conseguiria recuperar o tempo perdido no jogo; ainda estava chovendo.
   Isso era uma coisa que não sabia explicar – ele adorava jogar vídeo game enquanto chovia. É mágico! Era como se estivesse longe, dentro do jogo. A chuva trazia calmaria, o mundo se silenciava e era preenchido pelo o som de uma das milhares histórias que o vídeo game contava. E ele adorava ouvi-lo. Por isso seu nome, Mr. Gameworld. Bem, por enquanto só podia esperar que a energia voltasse logo, antes que a chova parasse.
- autor, Gustavo Moura

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http://paradosnachuva.blogspot.com.br/

Um comentário:

  1. Muito foda XD
    Muito interessante a ideia do texto.
    Consegui vizualizar muito bem as cenas, apesar de ter tido uma confusão, foi em apenas uma linha, nada que bloqueasse o texto. Pensastes em elementos bem interessantes, respostas bem legais aos eventos.
    Imaginei Crauzer de RE4 no Clark xD
    Também lembrei de que a ciência não avança sem erros, como a mídia tenta mostrar (só expondo acertos). Altos cancêrs de celulas tronco D:
    Mas valeu cara, ótimo texto, não pare de escrever, como eu parei (mas também, eu quero escrever é um livro pelo tamanho X________X).

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